Sunday, November 16, 2008

Sally-D.

Tudo então se revela. A realidade literalmente levanta, vira as costas e vai embora. Sorri e acena com suas múltiplas faces e mãos antes de sair do foco de atenção.
O antropomorfismo aqui parece ser apenas uma analogia para que o entendimento seja facilitado.
Mas não o estou usando apenas como sendo a melhor forma de descrever o acontecido, como se faltassem palavras.
É fato que acho difícil achar as palavras certas, mas felizmente elas sempre aparecem.
A palavra "literalmente" foi usada ali por um bom motivo, não é mero adjunto de intensidade.

A praia, a areia, o mar e o céu, mostram-se como meros cenários.
Uma realidade dentro de outra realidade.

Tomo nas mãos a chave e enfio-a na fechadura.
Preciso apenas girá-la para que a porta abra violentamente.
Sou sugado para o outro lado.
O ambiente é tão diferente, mas ao mesmo tempo tão familiar, que já não lembro ou já não me importo mais com a existência da porta que ali me trouxe.

Cores vivas e bem definidas são características incontestáveis do exército de formas humanas que surge e transforma-se do que eu considerava absoluto e imutável.
Cada membro do exército parecia inteiramente coberto de tinta fresca, incluindo o rosto e suas roupas. Apenas uma cor para cada unidade do que me parecia ser um humano.

Eu sentia-me como sendo parte do exército, mas não estava acompanhando a marcha para o que me parecia ser um destino único. O fluxo de pessoas coloridas passava por mim enquanto eu apenas observava e tentava entender o que estava acontecendo.

Tentava-me comunicar, mas em vão.
Pareciam tão desentendidos quanto eu, porém não cessavam de acompanhar a correnteza.

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