Tuesday, December 23, 2008

Vontades.

Apenas quero esquecê-las, quero me livrar.
A pressão que eu ponho em mim mesmo para concretizá-las é ridiculamente sufocante.

O sofrimento da não-concretização dessas vontades parece ser absurdamente maior do que a realização das mesmas.

Essas vontades, que formam uma corrente interminável de insuficiência, sempre estarão suscetíveis à não-concretização. Sempre existirão aquelas vontades que trarão um sentimento agoniante muito mais forte e intenso do que o sentimento de realização de outras vontades.

A extinção do conjunto total de vontades, as concretizadas e as não-concretizadas, onde o sofrimento prevalece pela existência das não-concretizadas, é a melhor solução que consigo encontrar.

O problema está em como concretizar a última vontade. A de não ter mais vontades.
Existe um método não-despessoalizador?

Ps: É esquisito como eu quero muito continuar a ser eu mesmo. Nem sequer sei quem sou, mas sinto-me preso a essa idéia de individualidade que supostamente me transforma em um ser único. Sou contraditório quando digo que quero não ter vontades mas que quero um método não despessoalizador. Básicamente estou dizendo que quero mudar mas não quero. Medo ou hipocrisia?

Monday, December 8, 2008

Sorriso rasgado.

Foi intenso
Violento
Porém básicamente agradável e necessário
Foi como arrombar as portas do mais belo jardim
que havia sido assíduamente e repetidamente selado
Lacrado a ponto de formar uma espessa camada
do que parecia ser apenas parte da montanha
Da montanha
Da serra
Do planalto
Da superfície
Nulo, neutro, opaco

E o jardim engoliu a montanha
Não existia mais jardim, tão pouco montanha
Existia apenas um
Um de infinitas multiplicidades
Constante, eterno
Observador

Sorriso rasgado
Entretenimento forçado
Respeitado e muito apreciado

Wednesday, November 19, 2008

Minha mente é uma tempestade.

Agitada e caótica.
Porém, muito bela quando se está protegido dela, quando apenas a observo.
Sei me proteger, sei apenas observar sem nela me meter.
Mas alguma coisa me atrai para o centro da tempestade.
Alguma coisa nos luminosos raios faz eu querer chegar perto e me envolver no caos.
No entanto, além de ficar completamente e desconfortávelmente encharcado, corro o risco de ser eletrocutado.
No final os danos e o desconforto nunca valem o impulso do envolvimento.
Mas eu continuo me envolvendo, como se a força que me atrai apagasse a memória e o entendimento de que apenas sentirei desconforto ao me envolver.

Vivo então nessa voluptuosa transmutação de sabedoria e ignorância.
O observar e apreciar da beleza e a vontade de tê-la ou fazer parte dela.

Sou dois em um.
Manifestação finita do infinito.

Sunday, November 16, 2008

Sinto que falta algo.

Se faço o que muitos consideram ignorância ou auto-destrutivo é porque sinto que falta algo.
E ao praticar o que superficialmente parece ser ignorante e auto-destrutivo, verdadeiramente estou apenas botando de lado essa minha sensação de desconforto.
Não quer dizer que o desconforto sumirá de vez, mas enquanto não acho este algo que me falta, é uma boa alternativa distair-me com poderosos artifícios.

Mas o que é que me falta e como achá-lo? Essa é a questão fundamental que me assola nas minhas horas vagas, quando estou exausto de tentar desviar do problema.

Depois de muito pensar e intelectualizar sobre a questão, analisando a minha própria vida e a vida de outras pessoas, cheguei à conclusão de que pensar e intelectualizar não é o suficiente.
É preciso haver um eqüilíbrio. Não é só de racionalidade que vive o homem, mas também de sentimentos, de envolvimento emocional e afetivo, coisa que é muito difícil de ser racionalizada (já que envolve a nossa essência biológica e evolutiva, nossos princípios cultivados culturalmente e uma realidade abstrata não palpável).

Sendo mais claro e objetivo, falta-me uma namorada.
Uma companheira de aventuras, que saiba ensinar e aprender.
Que admire e que eu consiga admirar.

Mas eis que surge o grande problema.
Dizem que namorada não se procura, que ela há de aparecer quando você menos espera.
Mas como eu posso não esperar por aquela única coisa que me falta?
Parece que volto assim à questão das práticas auto-destrutivas e segue pela lógica a minha auto-destruição na tentativa de não esperar aquilo que mais quero.
Um desperdício de vida seria aceitar essa lógica que me joga num ciclo vicioso de não-realizamento.

Então vamos analisar o que realmente significa a idéia de não se procurar por namoradas.
Penso eu que o motivo de tal repreendimento é pelo fato de que ao estarmos procurando, surge um filtro por nossa parte. Este filtro torna-nos um avaliador e examinador da possibilidade de uma pessoa do sexo oposto ser uma namorada, ou alguém interessante.

Uma pessoa interessante sendo aquela que já descrevi.
Sabe ensinar, aprender e admirar.
(É claro que meu interesse não se restringe ao lado subjetivo, não-físico. O físico é importante. Uma pessoa que não se cuida e não se ama deixa de ser atraente. Já que aparentemente é incapaz de amar a si mesmo a ponto de não cuidar-se com carinho é provável que tenha dificuldade em amar outras coisas e outras pessoas também, sendo amor um sentimento além daquele sentimento egoísta convencional que costuma ser mal-entendido como amor).

O triste é que ligando o tal filtro à procura de alguém interessante, descobrimos que estes são raros. E dentro desse grupo de raridade, mais raro ainda são aqueles que buscam o mesmo que você, que também sentem a falta do mesmo algo.

A solução a que chego então é que devo continuar procurando e me auto-destruindo quando a procura começar a exaurir minhas esperanças e motivações. A auto-destruição é nada mais do que uma renovação. Um recomeço para a contínua busca.
Chegando ao precipício da frustração, uso de tal práticas auto-destrutivas para que eu seja levado ao próximo terreno em que o inesperado me espera, seja esse outro precipício ou um fabuloso castelo.

Sally-D.

Tudo então se revela. A realidade literalmente levanta, vira as costas e vai embora. Sorri e acena com suas múltiplas faces e mãos antes de sair do foco de atenção.
O antropomorfismo aqui parece ser apenas uma analogia para que o entendimento seja facilitado.
Mas não o estou usando apenas como sendo a melhor forma de descrever o acontecido, como se faltassem palavras.
É fato que acho difícil achar as palavras certas, mas felizmente elas sempre aparecem.
A palavra "literalmente" foi usada ali por um bom motivo, não é mero adjunto de intensidade.

A praia, a areia, o mar e o céu, mostram-se como meros cenários.
Uma realidade dentro de outra realidade.

Tomo nas mãos a chave e enfio-a na fechadura.
Preciso apenas girá-la para que a porta abra violentamente.
Sou sugado para o outro lado.
O ambiente é tão diferente, mas ao mesmo tempo tão familiar, que já não lembro ou já não me importo mais com a existência da porta que ali me trouxe.

Cores vivas e bem definidas são características incontestáveis do exército de formas humanas que surge e transforma-se do que eu considerava absoluto e imutável.
Cada membro do exército parecia inteiramente coberto de tinta fresca, incluindo o rosto e suas roupas. Apenas uma cor para cada unidade do que me parecia ser um humano.

Eu sentia-me como sendo parte do exército, mas não estava acompanhando a marcha para o que me parecia ser um destino único. O fluxo de pessoas coloridas passava por mim enquanto eu apenas observava e tentava entender o que estava acontecendo.

Tentava-me comunicar, mas em vão.
Pareciam tão desentendidos quanto eu, porém não cessavam de acompanhar a correnteza.

Saturday, November 15, 2008

Living for a moment.

Ant then it's gone.

Quer a resposta?

Olhe pra dentro.

Desilusão contemporânea.

Privo-me pela idéia de outros.
Abdico de ser solto.
Abdico de ser livre.
Opto pela auto-castração.

Mas sou feliz.
Não só sou feliz.
Como este é o único jeito de ser feliz.

Wednesday, November 12, 2008

O terceiro caminho.

Comumente, acha-se que só existem duas maneiras de responder à agressividade do próximo ou a qualquer tipo de sofrimento.
1 - Passividade (deixar levar)
2 - Agressividade (dar devolta)

Óbviamente ninguém quer ser passivo e se deixar levar todas as dores apenas para deixar de ser agressivo. Que bem seria esse, que produziria o nosso próprio mal?

Então, automáticamente, como sendo supostamente a única outra opção, decide-se dar devolta na mesma moeda. Mas isso não há de prevenir o sofrimento e as dores. Às vezes muito pelo contrário, só vai fazer com que mais dores ocorram. (Por exemplo, alguém esbarra em você, você o empurra, ele o empurra de volta, você dá um soco nele, ele te dá um soco, etc...)

Qual é a solução então? Como fazer para evitar o sofrimento? Existe um terceiro caminho, entre a passividade e a agressividade.Esse caminho é muito confundido com a passividade, de tanto as pessoas terem cravadas na mente a idéia de que só existem duas opções possíveis.

E que caminho é esse então? Este é o caminho do amor, da compreensão. Podemos chamar inclusive de passividade ativa. Quebrar as expectativas do agressor e desarmá-lo por completo. É responder um tapa com um sorriso e "virar a outra face" como diria Jesus. O agressor pega-se numa contradição desenvolvida na própria mente e imediatamente para pra tentar entender. Esse parar, essa quebra no objetivo, é suficiente pra fazer a sua intenção reinar sobre a dele. O que ultimamente acaba fazendo com que ele se converta para a sua metodologia.

E assim, finalmente, a paz é estabelecida. O terceiro caminho não é fácil de ser seguido, ele quebra muitos conceitos que já eram considerados por nós como sendo verdade absoluta . E portanto nós estamos indo contra a nossa "natureza" (determinada) e nosso instinto.

Mas o que é fácil geralmente pouco compensa.
E como diria o velho ditado: mares calmos não fazem bons marinheiros.

Wednesday, November 5, 2008

Sobre a verdade.

Diria Gandhi, já na sua segunda metade de vida, que Deus é verdade ou a verdade é Deus.

Eu iria mais a fundo e diria que não há verdade se não há alguém para interpretar, verificar e comprovar a veracidade de o que quer que seja.

Apenas idéias podem ser verdadeiras ou falsas.
Se idéias não existem, não existe verdade ou mentira.

Mas já estou fugindo aqui do meu objetivo principal, desculpem-me pelo devaneio de racionalidade.

Meu ponto é que Deus é considerado como aquilo que é mais estimado e que mais merece atenção, respeito e fiéis, tendo em vista o poder inimaginável proveniente do mesmo.

Consideremos então as palavras de Gandhi. A verdade é Deus.
Devemos dar atenção à verdade, devemos respeitar a verdade e devemos ser fieis à verdade.
Devemos sempre optar pela verdade e devemos estar agindo sempre em função da mesma. Pois a verdade há de nos salvar.

Mas que tipo de verdade é essa? Muitos filósofos dizem que não temos a capacidade de saber a verdade, que a verdade está além da razão. Mas no caso, não estou considerando verdades metafísicas ou objetivas. Não estou considerando fatos sobre a verdadeira realidade (se é que existe uma).

Estou me referindo às verdades subjetivas. Aquilo que nós sentimos, aquilo que percebemos, aquilo que queremos e aquilo que não gostamos. E acho que Gandhi também se referia a este tipo de verdade. A verdade que está dentro de nós e não a verdade que está lá fora, porque como diriam os já citados filósofos, nunca poderemos saber com certeza absoluta o que se passa lá fora.

E se quisermos entender o que se passa lá fora, se quisermos chegar à verdade externa, temos que começar pela verdade interna, que é a primeira cuja qual temos contato (já que é a nossa natureza, e não há nada que conhecemos melhor do que nós mesmos).

Vamos então começar a prezar mais pela verdade e sermos mais fiel à ela.
Sejamos sinceros e honestos sobre o que sentimos, percebemos e queremos.
Não nos deixemos levar pelo medo. Não nos deixemos reprimir e estar fadados ao sofrimento pelo medo.

E o principal medo que nos segura de sermos fiel à verdade é o medo de machucar. Machucar alguém ou machucarmos a nós mesmos.

Mas eis aqui a epifania que compartilho com vocês:
A verdade só machuca se esta não for entendida por completo.

Se você for o que está recebendo a verdade e ela parecer te machucar, você está sendo ignorante sobre ela. Deveria tentá-la entender melhor, estudar a situação e chegar às raízes de tal verdade.

Se você for o que está dizendo a verdade e a outra pessoa se sentir ou parecer machucada, você precisa entender que ela está afundada em ignorância ou que você não está sendo totalmente claro e íntegro sobre o que tem a falar. Neste caso você deveria trabalhar na sua comunicação, na claridade das idéias, na paciência e o no que você está realmente tentando dizer ou fazê-la entender.

Espero que sintam-se elucidados ao ler tudo isto e que o teu tempo tomado para me dar atenção não tenha sido em vão.

Minha tentativa aqui é de compartilhar a minha felicidade, como um sincero devoto da Verdade.

Hoje e a dificuldade em ser feliz.

Computadores
E suas milhões de cores
Cédulas
De inapropriados valores

Estimulando a desintegração acelerada
Lá se vai a obra completa, a obra prima
A dissociação da essência torna-se subitamente
A infernal realidade incontestável
Infernal, agoniante, insuportável
Mas intrínsicamente concludente

Masoquismo inconsciente
Da ânsia de achar o inconveniente